29/05/2009

E eis que, há seis meses, surge a notícia tão impetuosa como brutal


Sinto-me num limbo com vontade de conhecer o que está para além do Portal. Porque sei que, se o conhecer, talvez volte a ver o Dante com aquele seu bem humorado sorriso, sempre pronto a uma boa gargalhada, e a um desfiar infindável de assuntos que tão bem sabia esplanar!

Não conhecia esta dor, não sabia da sua cor, do fel amargo do seu gosto...E estou pr'áqui perdida... Sem força, sem ânimo, sem esperança, sem um objectivo que possa sublimar esta dor. E o meu corpo, a minha mente, a minha alma, respiram agora fealdade, intranquilidade, revolta e dor. Neste momento, todos os livros que li, todas as convicções que tinha, todas as minhas certezas, não passam dum saco negro no fundo dum poço. Por vezes penso no que já fomos, no que tivemos, e no que poderíamos ter tido.

Morreu o Homem. Fica a Memória. Salvar-se-a a obra enquanto eu viver e não me cansarei de dizer que a sua vida foi uma história de entrega aos outros, de desapego ao material, de exemplo contagiante pelo entusiasmo que a tudo dedicava, sem sacrifício aparente, apenas pelo gosto de ver obras realizadas.

Não me cansarei de dizer que lhe admirava o esmero, a fidalguia, o espírito indomável, a generosidade, e a enorme voluntariedade e prontidão para toda e qualquer missão, realizada com tranquila eficácia e rigoroso zelo.

Não me cansarei de dizer que auscultava nele o sonho grandioso, de servir a sua Pátria, acima de tudo, contra ventos e marés, com honra, valentia e inestimável dignidade... Não me cansarei de dizer que era exemplar no brio e na tradição!

Não me cansarei de dizer que corriam, então, os anos meãos das sua efémera passagem por este destino terreno que, precocemente, o destino faltal interrompeu.

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