O teu nome é a minha inspiração

29/09/2009

O teu nome é a minha inspiração

Dez meses após a tua morte com uma tristeza no coração, deixo-me ficar aqui, sentada no jardim onde te encontro nos meus sonhos de mel.
Não me lembro de te ver partir, mas sinto o sabor dos beijos que me deste. Nas mãos, guardo o perfume da alegria que sem saberes me ofereceste nas palavras que o silêncio pronunciou.

Perdida entre momentos e fantasias converso com a Lua e faço confidências às estrelas, falo-lhes da magia que escreveste na minha alma, e releio-lhes a paixão que a tua boca deixou na minha pele.

Folheio as páginas do Universo, reflicto o instante que parou ali, salto a eternidade e abro o livro que escrevo todos os dias nas folhas brancas da vida.
Extraviadas na eternidade dos séculos, descubro páginas amarelecidas, escritas pela mão do tempo, partes perdidas da nossa história de amor.

No verso de uma delas encontro-te, estás no jardim dos meus sonhos, sorris, esperas por mim numa linda noite de Lua Cheia, na mão... tens a flor do Amor...

Num deserto sem água, numa noite sem lua, numa terra nua por maior que seja o desespero, nenhuma ausência é maior que a tua...
O teu nome é a minha inspiração, recordar-te é saber viver. Num quê de sabedoria, cada dia aprendo a viver.
Até um dia querido

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A dor irreparável pela impotência diante do acontecido

A dor de perder alguém que amamos é dolorosa e rasga-nos por dentro e por fora, nesses momentos nunca temos a noção de nada. O eco da dor vibra em nossa alma com tanto vigor que acreditamos que morremos...
Imaginei que Angola tinha de parar por causa da minha dor, por causa da tua morte mas descobri que Angola não parou, as pessoas lamentaram, mas continuaram com suas vidas e isso causou-me um certa revolta. Perguntava-me será que não vêm que estou a sofrer? Será que não vêm que foi o Dante que morreu?
É uma dor profunda, não grande, tão contundente; É dificil encontrar palavras para se descrever o que se sente, há uma revolta muito grande, parece que se trata de um pesadelo, que não é realidade...descansa em paz companheiro...

O Céu ganhou uma Estrela - Reis Esteves

Calou-se a voz magnífica, que todas as semanas eu ouvia
Há quatro meses passavamos férias em Sines. Foi com imenso pesar e indiscutível mágoa que recebi a trágica notícia da sua morte (a 29/11/08). Lágrimas sentidas ainda hoje teimam em cair dos meus olhos, sem as conseguir conter. No meu rosto o enorme espaço que a tristeza ocupa na minha alma. Não uma tristeza ligeira mas sim uma tristeza profunda. Uma dor que me corrói a alma, de tal modo que tenho de a fazer saltar para a escrita. Hoje recordo-me dele em todos os dias e em todos os dias penso nele, como pensei em quase todos os dias da existência do nosso relacionamento. O luto é de um sentimento de tristeza, perda e impotência pela evidência.
Procuro alguma reflexão, algo que me console ou me convença a aceitar-lhe a morte mas ainda não consegui encontrar.
Por vezes, dou comigo a conversar com ele, em pensamento: desejaria que ele pudesse ouvir-me; se pudesse, gritaria muito alto, e dizia-lhe: “Dan estou aqui!!! Estarei sempre aqui!!!”. Dir-lhe-ia, também, o que ele me dizia: "Quando menos esperares... aí estarei!!!". Foi há quatro meses que de perto de mim ele partiu e desta vez para sempre.!
Conservo fotos, cartas, poemas como relíquias: as relíquias são-no, para quem as considera como tais, por memória da pessoa ou do facto a que se referem. Nelas, conservo uma parte do Dan como uma memória do meu passado, que estará sempre presente.

A sua vida valeu a pena

Em momentos tristes como este o que me apetece recordar em primeiro lugar é a pessoa que perdi, a pessoa com quem convivi de perto durante alguns anos, cuja perda me deixa uma profunda dor e tristeza. E sempre que falo desse alguém, detentor duma personalidade única, coloca-se-me uma questão fundamental:
- Como evitar que muitas palavras não apaguem o essencial? Não sei

O Dante reunia à sua volta pessoas diferentes, mas todas elas capazes de falarem uma linguagem livre e autêntica, uma linguagem sem cálculos nem armadilhas. Frontal nas suas convicções, sabia ouvir. Coisa rara, noutros e neste tempo.

Era capaz de se rir com uma boa anedota, e todas as conversas, por mais simples que fossem, lhe interessavam. Comovia-se também com temas muito banais.

Um dia, há trinta anos atrás, sugeriu que poderia dar aulas de matemática, ali no liceu do Lobito, e em troca, eu daria aulas de ciências sociais. E não é que, numa acumulação de funções à noite demos mesmo aulas?!!!

Passei a fazer parte do seu mundo e, diariamente, trabalhavámos e convivíamos sempre rodeados de amigos. E a conversa corria solta. O Dante permanentemente a nos punha a pensar, a discutir e a falar.

Com o tempo fui confirmando que era um homem do seu tempo e um intelectual comprometido, um homem de tertúlias, um perguntador constante, um cantor da mulher, o intelectual do campo político em acto, um homem de ironia fina como um cabelo e de pensamento crítico.
Entre histórias e almoços saborosos realizados no bar do «Mano» Júlio (ja falecido), contava-nos as várias diligências para a paz na sua querida Angola.
A sua vida valeu a pena e cabe por inteiro no conhecido poema Liberté.

O Céu ganhou uma Estrela - Reis Esteves

29/09/2009