01/01/2009

Esta caneta... és tu!


Escrevo-te com a caneta que me ofereceste. Está intacta, limpa, brilhante, e no que ela espelha ainda vejo o teu rosto quando ma deste, o teu sorriso largo e o olhar maroto.

A tua alma ficou nesta caneta e talvez seja por isso que quando a olho te olho, e quando escrevo te escrevo, e quando uma lágrima cai sobre ela, és tu como uma lágrima, como um líquido de mim que por mais que escorra e saia jamais deixará de ser meu. És uma lágrima que saltou para fora de mim sem deixar de estar cá dentro.
Na caneta, a tua imagem. Na caneta, o passado. Na caneta, a tristeza de para o meu corpo não poderes ser mais do que uma recordação.

As tuas palavras no espelhado da caneta: «Do Dante para a Gi com amor» As tuas palavras no bilhete junto a caneta: «escrever é o que fazes bem, escrever é a tua arte, por isso não poderia oferecer-te nada mais que isto, um objecto que te ajude na tua arte». A tua ternura das tuas palavras. A minha alegria ao ler as tuas palavras. As tuas palavras: sei que vais cuidar dela, trata-a como sempre me trataste a mim». Trata-a como sempre me trataste... Esta caneta com que te escrevo és tu.

2 comentários:

  1. Infelizmente não tive a honra de o conhecer... estava em Benguela quando se soube da notícia, e foi de imediato óbvia a grave sequela que deixaria, à minha volta vi que ninguém ficava indiferente à notícia! Por isso, e por tudo o que escreve aqui, tenho a certeza que muito poderia ter aprendido com Reis Esteves, mas uma vez perdida a oportunidade de o fazer em pessoa, tentarei aprender o mais possível pelo que aqui é divulgado e pela convivência com todos aqueles que tenham tido o privilégio de o conhecer.
    Aquilo que resta nas nossas vidas é a pegada que deixamos na terra, e não tenho dúvidas de que a Sua pegada foi a maior e melhor possível!
    Um abraço cheio de força!

    ResponderEliminar
  2. "A vida dos mortos está na memória dos vivos" (Cícero). Reis Esteves jamais será esquecido pois deixou uma marca profunda com quem se cruzou. Um bom pai, amigo, sábio, corajoso...enfim...não há adjectivos suficientes para o caracterizar. Fica a angústia e a saudade de quem com ele privou mas a certeza de que teve uma vida bem vivida em prol dos outros.

    ResponderEliminar